É aquela sensação de que algo está faltando, aquela sensação que faz você ver apenas o que você não tem e que não permite que você aproveite o que já faz parte da sua vida.
A insatisfação é uma condição que todos nós vivenciamos e, na realidade, não há nada de errado com ela, pois nos leva a sair da nossa zona de conforto, buscar outra coisa e, afinal, nos enriquecer e crescer.
O problema surge quando essa busca nunca acaba, quando precisamos cada vez mais nos sentir completos, plenos, satisfeitos.
Dessa forma, o que fazemos é projetar a solução dessa preocupação em algo externo (um relacionamento, um novo emprego, uma viagem, reconhecimento por parte dos outros, um corpo mais magro etc.), acabando nunca ficando satisfeitos não só com o que temos, mas com o que somos. Nunca somos inteligentes o suficiente, bonitos o suficiente, brilhantes o suficiente, empáticos o suficiente, bem-sucedidos o suficiente, amados o suficiente, admirados o suficiente…
Por que experimentamos esse sentimento?
Mas por que alguns de nós experimentam essa sensação de que algo está faltando, que nunca somos suficientes? Porque não percebemos que esse vazio só pode ser preenchido de dentro.
Numa sociedade tão competitiva como a nossa, em que somos ensinados a viver a vida como uma batalha em vez de uma jornada, nunca nos sentimos seguros e é por isso que estamos constantemente à procura de mais “armas” (mais objetos, mais riqueza etc.) mais reconhecimento…) para se sentir com algum controle e segurança.
Então, se eu sou uma menina muito curiosa e essa curiosidade faz com que meus pais me repreendam, com o tempo vou aprendendo a esconder essa qualidade para que meus pais parem de me repreender e do meu ponto de vista “me ame mais”. É um mecanismo inconsciente, humano e natural. O que acontece é que essa necessidade de ser aceito pelos outros me afasta da minha essência mais profunda.
Assim, para nos sentirmos aceitos pelo nosso entorno, acabamos não nos aceitando. Daí, o sentimento de insatisfação constante que só pode ser administrado quando nos reconectamos com nosso interior, realmente nos conhecemos e nos entendemos.
Este é o primeiro passo para ter uma boa autoestima e mudar a busca de fora para dentro.
Quando mudamos o foco, deixamos de olhar para o que nos falta para focar no que somos. Passamos de uma condição de escassez para uma nova, de abundância, conseguimos perceber que o que nos torna únicos e dignos de amor não é a perfeição, mas a nossa humanidade.
Aceitar-se é tomar consciência de que cada um de nós tem um superpoder excepcional: a nossa singularidade.
Exercício para deixar de ter um “sentimento de insatisfação”
Se você também está passando por esse sentimento de insatisfação, proponho um pequeno exercício que espero que possa ajudá-lo a começar a mudar seu foco.
Dívida uma folha em duas partes. À esquerda, escreva uma lista do que você acha que está faltando em sua vida. Por exemplo, pode ser um trabalho satisfatório, dinheiro ou amigos. Quando você tiver sua lista, reserve alguns minutos para contemplá-la.
Então pergunte a si mesmo, para cada um deles:
Por que isso é importante para mim?
Como minha vida melhoraria se eu tivesse isso?
Que necessidade se esconde por trás desse desejo? Aceitação, reconhecimento, segurança?
Quando tiver respondido às perguntas, escreva no lado direito o contrário do que escreveu na coluna anterior. Em outras palavras, se você já escreveu “não tenho um emprego satisfatório” na sua lista, na da direita escreva “eu tenho um emprego satisfatório”.
Em seguida, anote todas as razões pelas quais isso acontece ou, em outras palavras, as respostas à pergunta “por que tenho um trabalho satisfatório?”.
Dessa forma você descobrirá que já tem muita abundância em sua vida, quebrando as crenças negativas que até agora te faziam pensar o contrário.
O exercício não termina aqui, porque a verdadeira mudança não vem no nível mental. Há uma grande diferença entre conhecer e compreender. Por esta razão, o que você descobrir com este exercício, se permanecer ancorado apenas em um nível racional, não será de muita utilidade para nós.
É por isso que vou pedir que você gaste alguns minutos por dia, ao acordar ou antes de dormir, para escrever uma razão para se sentir grato pelo dia que está prestes a começar ou que acabou de vivenciar.